quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ahmadinejad acusa Israel de racismo e causa polêmica em conferência


Genebra, Suíça (EFE) - O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, foi o grande protagonista, hoje, do primeiro dia da conferência da ONU sobre o racismo, marcada pelo boicote de Estados Unidos, Israel e de outros sete países.
No discurso, o líder iraniano denunciou o "racismo" israelense e a cumplicidade ocidental para com o país.
Em meio a protestos de grupos judeus e de dissidentes iranianos deslocados a Genebra, Ahmadinejad condenou a atual ordem política mundial, incluindo o direito de veto dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Além disso, criticou as intervenções no Iraque e Afeganistão e a política israelense para com os palestinos. As acusações do presidente iraniano ao "regime racista" de Israel provocaram a imediata saída da sala de conferências dos embaixadores europeus. No entanto, no discurso Ahmadinejad não defendeu a destruição do Estado judeu nem negou o Holocausto, e limitou-se a fazer denúncias de políticas concretas. Apesar disso, em uma parte do discurso, afirmou que "o sionismo mundial está na origem do racismo". O pronunciamento do presidente iraniano foi interrompido o tempo todo por gritos e vaias de grupos de organizações judaicas e dissidentes iranianos. Ao deixar a sala, os embaixadores da União Europeia (UE) apoiavam a posição de Estados Unidos, Israel, Austrália, Canadá, Itália, Holanda, Polônia, Nova Zelândia, e Alemanha, que decidiram não participar da conferência por considerarem que se transformaria em um fórum antissionista. "Nós, como os outros embaixadores, seguimos a orientação da Presidência (tcheca) da União, que era que, no momento que ouvíssemos comentários não aceitáveis para a Europa, abandonássemos a sala", afirmou à Agência Efe o embaixador espanhol perante a ONU, Javier Garrigues. "O presidente falou de um Estado racista (em referência a Israel) e, por isso, saímos", acrescentou. O diplomata esclareceu, no entanto, que o gesto não quer dizer que a UE deixará a conferência. O gesto dos europeus foi recebido com aplausos e gritos por uma grande delegação de participantes judeus que gritavam "vergonha" e "pare com o racismo". O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon - que esta manhã, ao abrir a conferência, criticou os países que boicotaram o evento por considerar que o texto de consenso preparado é muito equilibrado-, emitiu uma declaração após o discurso de Ahmadinejad para lamentar que tivesse equiparado o sionismo com o racismo. "Rejeito o uso que o presidente iraniano fez desta plataforma para acusar, dividir e inclusive incitar", afirmou Ban na nota. Ele acrescentou que, na reunião que manteve com o presidente iraniano esta manhã, fora da conferência, "lembrei que a Assembleia Geral da ONU adotou resoluções para eliminar a equiparação de sionismo com racismo e reafirmar os fatos históricos do Holocausto". Ban Ki-moon e a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, lamentaram a ausência dos Estados Unidos e dos outros oito países. Ambos reconheceram que, para alcançar a minuta de documento da conferência, os países islâmicos fizeram concessões nas exigências ao Ocidente. Pillay chegou a agradecer a "generosa" posição dos palestinos por terem aceitado a eliminação de um parágrafo sobre a ofensiva na Faixa de Gaza. O documento inclui, no entanto, uma referência ao Holocausto cometido pelos nazistas e o apelo a que o fato não seja esquecido. Em entrevista coletiva após o discurso, Ahmadinejad expressou a intenção de iniciar um diálogo com os Estados Unidos sobre a base da "justiça" e do "respeito mútuo", e disse esperar as mudanças na política externa anunciadas pelo novo presidente, Barack Obama. Ahmadinejad, que entrou no local escoltado por seguranças para escapar dos ativistas judeus e iranianos que gritavam à porta da sala de imprensa, reiterou o pedido de que a ordem política internacional seja modificado, incluindo a supressão do direito de veto. "É injusto que cinco países tenham o direito de anular as decisões dos outros, que sejam os advogados, os juízes e os executores de suas ordens e sempre em seu próprio interesse", assegurou. E acrescentou que o poder de veto "não ajudou em nada a resolver os problemas em Líbano, Gaza, Iraque, Afeganistão e nos conflitos africanos". EFE

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